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Ben
O regresso a Madison não fora exactamente aquilo que tinha em mente. Fui demasiado precipitado em revelar-me, impulsionado pelas saudades que tinha de tudo isto. Arrependia-me sobretudo por ter deixado Kat naquele estado.
Contudo não pudera evitá-lo. Morrera de saudades daquela rapariga e não consegui ficar afastado quando a vi. Estava linda naquele vestido cor-de-rosa. Sonhei com ela nessa noite e nas duas noites que se seguiram.
Parecia impossível mas continuava a amá-la. Adorava-a tal como fizera há dezasseis anos atrás. Ela permanecia cravada no meu coração, o centro do meu mundo. E se havia motivo para eu estar de volta, então esse motivo era ela.
E agora estava ansioso por voltar a vê-la. Já se tinham passado três dias. Se não fosse pelo aviso de Deena, já teria ido em busca dela.
A mulher continuava a mesma que eu me lembrava. Baixinha e loira, tinha determinação no olhar. Entrara pelo meu apartamento a dentro e empinou logo o dedo contra mim.
- Ouve, não sei como é que estás vivo. Nem quero saber. O que eu sei é que tenho a minha melhor amiga num pranto, trancada em casa e sem poder fazer nada para a ajudar e a culpa é tua – resmungou, claramente zangada – Deves-lhe uma explicação.
- Ela está assim? – Perguntei, engolindo a seco. Não podia sentir-me mais culpado.
- Está. – Deena suspirou e, mais calma, olhou para mim – Depois de te teres ido embora, aconteceram muitas coisas. Se te preocupas realmente com a Kat, como em tempos preocupaste, vai ter com ela amanhã à noite quando estiver mais calma. Ajuda-a. Fala com ela, explica-lhe.
Deena agarrou num bloco de papel e escreveu algo. Depois encaminhou-se sozinha para a porta.
- Mas ficas avisado, Loirinho. Se a magoares, vais ter de te haver comigo.
As minhas ideias ordenaram-se com a conversa. Daqui em diante faria as coisas da maneira certa. E começaria por ir falar com Kathryn.
☓
Ben estava dentro do carro acabado de estacionar. À sua frente estava uma casa pacata e simples, porém curiosamente adornada por um jardim de flores multicolores que se estendia à volta de um trilho.
Por momentos ainda pensou em colher uma flor mas não fazia ideia se Kat ficaria ofendida ou não por ter remexido no jardim dela.
- Pára de fazer tempo. Vai bater à porta. – Ordenou a si próprio.
Assim que alcançou o alpendre, espreitou pelas janelas. Não havia luz nenhuma provinda da casa, apesar de já ser noite. Para além disso estava uma fria noite de junho, o que fez desejar um aquecer ou uma lareira por onde se aquecer.
Sem mais demoras, bateu à porta e esperou.
Do outro lado da porta, Kathryn saiu da cama ainda enrolada na sua manta de retalhos. Trazia na mão uma caneca de café acabada de fazer, o qual estava desejosa por beber. Na volta era Dee, uma vez mais.
- Kathryn, sou eu, o Ben – soou uma voz do outro lado – Estás aí?
Ela continuou sem dizer nada. Moveu-se silenciosamente até à janela, espreitando discretamente para o alpendre. Lá estava Ben, iluminado apenas pelo luar. Algo dentro dela despertou, uma centelha de saudades do rapaz que fora o seu primeiro amor e que agora era um homem feito.
Ben tirou um pedaço de papel do casaco e agachou-se, fazendo este passar por debaixo da porta. Olhou uma vez mais para a casa e só depois seguiu caminho de volta para o grandioso todo-o-terreno.
Assim que ele se foi embora, a rapariga apressou-se a ir buscar o papel. Sentou-se num dos bancos da cozinha e ligou a luz.
Tenho coisas a explicar, coisas que apenas tu mereces saber. Dá-me uma chance para falarmos. Amanhã, no Layney’s à hora de almoço. Estarei à tua espera.
Tenho saudades tuas, Kat.
Ben.
☓
Kathryn
Não sei quantas vezes li a mensagem de Ben. Ponderava se devia ir ou não mas a resposta era óbvia. Iria ter com ele no dia seguinte. Mesmo que a sua explicação não pagasse os anos de sofrimento nos quais eu pensava que ele estava morto, pelo menos ia tirar as dúvidas que me assolavam a mente há três dias. Mesmo assim fora o “tenho saudades tuas” que a convencera.
- Afinal de contas, uma mulher adulta, de trinta e um anos, não tinha nada que recear um encontro com o ex-namorado morto há mais de uma década, certo?
Mesmo assim tremi ao pensar que ia estar frente a frente com ele uma vez mais. O meu estômago já se estava a remoer por causa dos nervos. Era engraçado como dezasseis anos depois, aquele rapaz ainda conseguia deixar-me assim. Por uma razão ou outra….
Espero que tenham gostado!
Brevemente vou actualizar a info do Ben e do Liam, aqui.
E tenho de agradecer a todas vocês que são maravilhosas e têm-me dado um óptimo feedback!